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Ser um individuo chez Marcel Duchamp

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António Olaio
ISBN 9789729901973
Dafne
Capa mole, 240 pp, 15,0×22,5 cm
Portuguese
2005

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António Olaio é um artista plástico cuja obra ocupa um lugar preciso no panorama da arte portuguesa contemporânea. A cumplicidade que o seu trabalho de pintor, músico, professor (para não dizer de indivíduo) estabelece com o campo cultural que Marcel Duchamp desbravou é explícita e implicitamente permanente. Neste livro, navegando nas pistas que as obras e os escritos de Duchamp fornecem, Olaio entrega-se à reflexão teórica que um espectador informado pode construir, partindo dos efeitos das obras e da complexidade do acto de percepção. O resultado é uma perspectiva que abdica da leitura histórica e da decifração psicanalítica, para se posicionar no campo da comunicação. Cumprindo o papel de espectador disposto a encarar a obra como mistério, abandona os domínios da racionalidade científica para arriscar os da intuição e a construção de uma tese no próprio território conquistado pelo trabalho de Duchamp.

O livro explora a ideia de indivíduo e de criação artística na complexidade das suas relações, afastando a ideia romântica do artista portador de uma subjectividade singular, e definindo-o no âmbito de uma relação dinâmica entre habitar, habituação, habitat, habilidade, indiferença, indiferenciação, banalidade e simbólico. No interior dessa multiplicidade de relações conceptuais e da dissolução da imagem formal, a noção de plasticidade ultrapassa a tradicional visão formalista da arte, dando a ver como o universo das ideias pode participar na produção de plasticidade na obra de arte.

O confronto da arte com a racionalidade evidencia a capacidade que esta tem de atingir domínios inacessíveis à simplificação racional, desbravando a ambiguidade através da clarificação do valor da intuição e distinguindo a inteligência da razão. Daqui se depreende que a dimensão mental do espaço na obra de Duchamp é capaz de ampliar a noção para além da mera representação metafísica ou mensurável. Neste novo espaço conquistado com a intuição, é possível utilizar o humor objectivando a experiência do universo onírico. A imaginação concretiza-se numa relação empírica do indivíduo com o universo das coisas e das ideias, numa subtileza que conduz à noção de «inframince».

O interesse deste texto, numa colecção dedicada ao aprofundamento dos discursos disciplinares da arquitectura, nasce da sua estratégia de análise, que não cai na tentação de relacionar directamente as obras de Duchamp com o carácter arquitectónico que se poderia descobrir em cada uma delas. Oferece-se um entendimento alargado de noções essenciais no campo da arquitectura, inevitavelmente concebida e habitada no domínio das ideias.