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Sebastiano Serlio

9,00 c/IVA

Domingos Tavares
ISBN 9789898217240
Dafne
Capa mole, 140 pp, 15,0×22,5 cm
Português
2013

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No decorrer de um século muita coisa mudou na comunidade dos artistas italianos empenhados no movimento para uma arquitectura ao modo antigo. Alberti deu início à tratadística moderna sobre arte e edificação, com o De re aedificatoria, um livro da teoria de tipo normativo que caracterizou o modo de entender uma nova profissão de natureza intelectual, inferida da tradição latina. Registou o esforço para o conhecimento das técnicas construtivas, as que conjugavam a sabedoria artesanal com a descoberta do mundo antigo, no sentido de dominar os instrumentos de controlo e caracterização do espaço. Afirmava a autonomia da ideia conceptual em busca dos caminhos das descobertas necessárias para a construção da cidade humanizada.

Cem anos passados, Sebastiano Serlio dava à estampa o Libro quarto, a sua Regola generali di architettura. Era uma espécie de manual de boas práticas para uso dos arquitectos, que, assim, permitiria a cada um trabalhar com a certeza do bom desempenho, correspondendo à crença numa verdade, ou via única, para atingir a perfeição e a beleza. Bastava, para isso, cumprir os enunciados do código cuja publicação se iniciava, como um catálogo de formas ao modo antigo, a que se seguiriam as necessárias informações técnicas complementares. Como suporte das suas ideias, invocava o trabalho de alguns romanófilos que investiam numa ciência arqueológica nascente. Mas, para o êxito dessa tese, muito contribuiu a generalização do livro impresso, apoiada no progresso técnico e no uso intenso da gravura, conferindo-lhe a entusiasmante facilidade de uso para cópia.

Personalidade fascinante, de finíssimas maneiras, espírito atento e discurso versátil de excelente conversador, Serlio era tido como homem modesto, sedento de saber, capaz de conquistar a confiança dos seus amigos, mas também, por vezes, capaz de ser mordaz para com os seus inimigos. Instalado em Veneza, no coração do conflito intelectual entre reformistas activos e tradicionalistas críticos, foi compondo ordenadamente os enunciados das cinco ordens clássicas, extraindo regras de proporção e hierarquias de uso, acreditando estar a ensinar as boas práticas de Vitrúvio. Com amigos de ambos os lados da polémica religiosa, inclinou-se para a banda dos espiritualistas católicos, acreditando no catecismo e no catálogo. Isso valeu-lhe o êxito editorial, e os seus livros correram o mundo. Mas seria mesmo inequívoca ou permanente a verdade enunciada pelos figurinos? Como se poderia entender a relação entre a liberdade criativa ao serviço do belo e a regra predefinida?