Johann W. Goethe – Volume cinco: Máximas e Reflexões
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Johann W. Goethe (tradução de José Miranda Justo)
9789727085538
Relógio D’Água
Brochura, 358 pp, 11 x 18,5 cm
Português
1999
Em stock
Nascido em 28 de agosto de 1749 em Frankfurt, de família abastada, Johann W. Goethe frequentava o teatro já adolescente e, ao que consta, gostava de festejar os seus anos. O que o mundo inteiro agora faz, por ele.
Goethe é um dos grandes escritores da literatura Europeia, o maior, se é que se pode falar de tamanho quando à escrita nos referimos, da língua alemã. Joyce nomeava assim a “Santíssima Trindade” da escrita na Europa: Dante, Goethe e Shakespeare. Dos três, talvez seja o que tem obra menos divulgada, mas todos já ouviram falar do “Fausto” e de “Werther”. Foi um dos mentores do movimento Sturm und Drang (mas, apesar de partilhar o interesse romântico pelo sofrimento, pela paixão e pela loucura, não os considerava como última e única solução na vida). Conseguiu um contrato que o fez viver da literatura, coisa rara para a época.
É “A Paixão do Jovem Werther”, escrito e publicado em 1774 que lhe traz alguma notoriedade. Por isso, o príncipe Karl August, Duque de Sachsen-Weimar-Eisenach, um apaixonado do “Werther”, convidou-o para a corte de Weimar. Goethe organizou vários eventos culturais e escreveu / dirigiu pequenas peças satíricas. No entanto, acabaria por cansar-se da vida na corte e viria a desaparecer numa viagem a Carlsbad, durante o Verão de 1786, dirigindo-se para o sul de Itália, numa carruagem de correio, sem deixar quaisquer explicações. A descrição desta viagem, dos Alpes a Roma, com passagem por Verona e Veneza, é um dos seus relatos mais interessantes e operou em Goethe uma transformação pessoal, ou, como o próprio disse, uma “mudança de pele”. Em Roma, onde convive com a colónia artística alemã e suíça, a sua paixão por Faustina dará origem aos poemas “Elegias Romanas” (que no entanto só escreverá mais tarde, no seu regresso a Weimar). Goethe sente-se atraído pelo sexo e pelo classicismo. Em Itália escreveu as obras “Ifigénia”, “Egmont”, cenas do “Tasso” e do “Fausto”, elaborou um diário das suas observações botânicas e pintou mais de mil desenhos e aguarelas.
De regresso a Weimar, em 1788, renegoceia o contrato com o duque Karl August e arranja uma amante, Christiane Volpius, com quem se casará em 1806, inculta e quase analfabeta, que lhe daria 6 filhos, dos quais apenas August sobreviveu, mas que nunca viria a conviver com a sociedade de Weimar. Nesse ano começa a escrita de “Os Anos de Peregrinação de Wilhelm Meister”, que terminará em 1829.
Em 1794 torna-se amigo de Schiller, uma amizade conturbada, que se prolongará até à morte precoce deste em 1805.
“Fausto” é a sua grande obra, escrita e reescrita ao longo de vários anos, mesmo décadas, e que conhece entre nós uma tradução, da autoria de João Barrento, ensaísta e professor da Universidade Nova de Lisboa, numa belíssima edição, enriquecida com magníficos desenhos da pintora Ilda David’. O mito de Fausto é bem conhecido e remonta a muito antes de Goethe. A ambição de Fausto fá-lo vender a alma ao diabo, em troca de mais sabedoria, poder e prazer na terra. É uma história com a moral determinada pelo luteranismo: não devemos deixar-nos levar pelo que parece ser fácil de conseguir e de nada vale ganhar o mundo em troca da nossa alma. Mas a história do Fausto de Goethe não é bem assim, e torna-se muito mais complexa. Sabemos logo no prólogo que Fausto não irá para o Inferno. Deus permite que o Diabo (Mefistófeles) conceda poderes a Fausto, acreditando que este os poderá usar de forma criativa. Mas Fausto também pode fazer coisas terríveis, como seduzir a jovem Gretchen, engravidá-la e abandoná-la…
Num interessante artigo de John Armstrong, publicado na “Prospect” e traduzido na revista “Best Of” (outubro de 99), do jornal “O Independente”, sobre o que a leitura de Goethe tem para oferecer a um leitor moderno, aquele conclui, referindo-se ao “Fausto”:
«Seria uma loucura querer saber o significado de uma obra com esta complexidade, mas seria uma pena não tentar interpretá-la. A peça pode ser compreendida como uma tentativa de Goethe demonstrar como Fausto pode permanecer uma figura de esperança, apesar das peripécias de Gretchen. Goethe lida com a eterna questão do mal. Se acreditarmos que a existência é essencialmente benigna, como se conseguirá acomodar a existência do mal? O horrível comportamento para com Gretchen será o fardo eterno que terá de carregar, mas não o impede de aplicar os seus poderes de forma produtiva. Goethe está implicitamente a afirmar: Claro que coisas más acontecem, e nem sempre são no melhor sentido, mas nem o sofrimento, nem o desespero mostram que tudo é mau. Os humanos são seres complexos e resistentes e podemos sempre optar por outras coisas que valham a pena. Esta é a forma mais sã de otimismo.»
Também João Barrento, em entrevista ao suplemento “Leituras”, do jornal “Público” referia: «Há aspetos particulares, micronarrativas, que podem dar ao “Fausto” uma certa atualidade: uma perspetiva muito arguta das relações entre a arte e a ciência; uma certa resistência à teoria a favor de uma permanente valorização da empiria, do concreto, os fenómenos em detrimento do conceito abstrato; a expressão de um certo subjetivismo narcisista, que é muito de Goethe, de um certo hedonismo em que nós hoje nos revemos.» Goethe terminou a última versão do seu “Fausto”, meses antes de morrer, em 1832, com 83 anos.