«Eu era muito novo; inexperiente também. O convite foi-me feito porque o engenheiro que tinha sido encarregue da construção de uma piscina de marés, o engenheiro Bernardo Ferrão, irmão do arquiteto Távora, disse o seguinte à Câmara: “Este é um problema delicado de paisagem, preciso de um arquiteto na equipa” e assim convidou-me e ajudou-me muito, pois era um engenheiro com muitíssima experiência e com muita sensibilidade também. Eu tomei contato com o projeto já feito e em conversa com o engenheiro e com a Câmara fiz uma primeira proposta, em vez fazer uma piscina convencional, fechada, em betão, como o projeto previa, propus ao engenheiro que se mantivesse como limite do taque, tanto quanto possível, as rochas. O que ali existia era um poço, um tanque natural, que falhava, pelas questões da topografia, nalguns pontos, portanto não continha a água. O que eu propus foi que fossem feitos uns muros, que estavam já projetados, aí onde não bastasse ter as rochas. E assim foi, começou o projeto. Um projeto complicado pela variação no tempo, mas ao mesmo tempo, por isso mesmo, muito interessante e que para mim foi uma experiência que não podia ter havido melhor para um jovem inexperiente arquiteto.»

Álvaro Siza